Marca indubitável das cidades industrializadas, figurinos de uma vida
quotidiana tão invisíveis quanto as pedras da calçada. Estão lá e
estarão lá, rostos sem nome, uns e outros, todos o mesmo, todos o
"sem-abrigo" que nos vamos recordando no período natalício. Não entram,
claro, nos discursos políticos, ou quando entram são estatísticas
mediatizadas, peões de um marketing político oportunista. A forma como
são politicamente usados espelha bem o desinteresse constante dos
sucessivos governos. Estes filhos da rua não votam, não têm cor política
nem simpatia eleitoral. Os filhos da rua são tratados como filhos da
outra, essa outra também ela figurino de uma cidade sem rostos. Que
falta nos fazem os Ary dos Santos que pegavam na caneta e gritavam ordem
de desassossego. Vendidos à boa mesa e à vida fácil, os políticos
desprezam o que não podem usar a seu favor. Afinal quem são mesmo os
filhos da outra?
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